Kodak Baby Brownie Special | Kodak

A crise dos anos 30 e a Grande Guerra Mundial que se seguiu, motivou o lançamento de muitas câmeras de baixo custo mas de alta criatividade. Penso que esse é o caso da Kodak Baby Brownie Special. Ela veio ao mercado em 1939 e deve ter conquistado o público que não podia mais comprar e fazer cópias com câmeras 6 x 9 cm como as Zeiss Ikon Box Tengor ou as próprias Kodak Brownie nº2. que foi lançada em 1901 descontinuada em 1935. Alguém poderia pensar, por que não ir direto para o formato 35 mm, que é menor? O problema é que as câmeras 35 mm eram ainda um certo luxo, se não pelos modelos oferecidos pelos grandes fabricantes, Leicas, Contaxes e Retinas, mas também pela necessidade de ampliação para se obter cópias. O formato da Baby Brownie Special é 4 x 6,5 cm (1 5/8 X 2 1/2″) talvez o limite do aceitável para impressão por contato, que é bem mais simples que uma ampliação. Não é difícil se achar em feiras de antiguidades muitas fotos de família nesse formato.

O visor óptico oferecido pela Baby Brownie Special é infinitamente mais confortável de se usar e enquadrar do que o tipo de espelho que equipava a maior parte das box cameras, como a antiga Brownie nº2.

A Baby Brownie Special usa uma lente que é simplesmente um menisco (face côncava para dentro e convexa para fora da câmera). Para ajudar na nitidez da imagem ela introduz uma suave curvatura no filme de modo que a parte mais distante da lente (sentido horizontal) é aproximada e fica mais nítida por conta desse artifício (foto abaixo).

O filme utilizado é o 127, um pouco menor que o 120 como se vê na foto abaixo. Esse é um formato um pouco difícil de se encontrar nos dias de hoje. Creio que somente online é possível encomendá-lo. Sob a marca Efke, da empresa croata Fotokemika, o 127 ainda é oferecido em alguns sites. Outra opção, para quem tem as bobinas metálicas, é cortar e rebobinar filme 120 no formato menor. Isso é o que eu tenho feito e é como as fotos neste post foram produzidas. Escrevi um tutorial e gravei um vídeo mostrando a maneira de fazer que desenvolvi.

Não há proteção contra dupla exposição e o avanço do filme é realizado observando-se a  janela vermelha onde os números dos quadros vai passando à medida que se gira o botão no topo da câmera. É preciso um pouco de disciplina para não se pular quadro ou expô-los mais de uma vez.

Não é “necessário” se usar fotômetro, pois ela só oferece uma velocidade, por volta de 1/40 s e uma abertura f/11. Não é “necessário” tripé, pois não há rosca para tripé. É uma câmera basicamente para uso em dias ensolarados com filme ISO 100 ou dias nublados com ISO 400 e o fotógrafo precisa ainda pensar se deve ou não fazer alguns ajustes na hora de revelar. Houve um modelo exportação que oferecia “Time”, obturador aberto enquanto se mantém o botão apertado, mas não é o caso deste exemplar.

Apesar de tanta austeridade ela vinha com uma capinha de couro muito simpática e ainda uma alça de couro trançado que lhe dá um ar de pequena bolsinha. Para carregar/descarregar o filme, o fundo se destaca completamente da frente da câmera quando se deslizam os clips metálicos na lateral. 

O corpo parece ser bakelite, mas se não for, trata-se de um plástico de muito boa qualidade pois está perfeito com 70 ou mais anos de idade. Isso, aliado ao design, é o que garante perfeita vedação à luz.

No uso, se você conseguir assumir que com a Baby Brownie Special, não é a câmera que se adapta à cena mas sim a cena que tem que se adaptar à câmera, você ficará muito satisfeito com o resultado. É uma câmera para se registrar memórias, passeios, encontros, festas ao ar livre e eventos desse tipo. A foto complementa a experiência que você teve no momento em que a tirou e poderá reativá-la no futuro quando você abrir aquela caixinha guardada em alguma gaveta . Se for para esse fim, a leveza, o desenho que lembra um brinquedo e a obrigação de fazer simples, tornam a o uso dessa câmera algo muito gratificante.

 

 

E como de fato não é uma câmera para quem procura aquela imagem super nítida e controle da faixa tonal, ela acaba atraindo algumas experiências que fazem do descontrole uma parte do jogo. Eu tinha um filme Efke vencido há anos e sabia que parte da impressão no papel protetor havia reagido com a emulsão e estava decalcando na imagem. Mas nem por isso eu deixei de usá-lo para ver o que ia dar. Foi obviamente com muita condescendência mas não sem certa animação que achei que algumas fotos mereciam bem uma ampliação. É o caso desta logo abaixo. Note que além de algumas manchas, há um número 8 no teto, que não estava lá.

Há um site todo dedicado às Brownies e vale muito a pena a visita se você quiser localizar melhor algum modelo na super extensa lista de Brownies que a Kodak fabricou: Brownie Camera Page

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  • Muiro esclarecedor. Tenho um exemplar dessa câmera, herdada de minha mãe. Me trás boas recordações.

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