Correção de perspectiva em ampliador fotográfico

Boa parte das câmeras antigas em médio e grande formato, tinham um dispositivo para subir a lente e/ou inclinar a lente e o filme/chapa. Esses movimentos serviam para “corrigir a perspectiva” logo na tomada da foto. Corrigir a perspectiva significa nesse contexto fazer com que linhas verticais, geralmente de arquiteturas externas ou internas, paredes, portas, colunas, etc continuem verticais na fotografia mesmo quando você aponta a câmera para cima.

Câmera inclinada sem correção

Câmera inclinada com correção

Na foto sem correção vemos que as linhas verticais da igreja estão convergindo para um ponto ao alto, fora da foto. Já na imagem com correção elas estão bem mais paralelas às bordas laterais da fotografia, isto é, permanecem verticais. Não existe certo ou errado nessas duas forma de se representar.

Mas acontece que por uma tradição que vem desde a Idade Média em nossa cultura e que ganhou uma versão científica na chamada Perspectiva Geométrica, ou Linear, do Renascimento, nós estamos mais acostumados a achar bonita uma imagem em que as verticais apareçam realmente verticais. Como no desenho acima para a nave central da igreja St. Lorenzo, Florença – início do século XV, feito por Filippo Brunelleschi (1377 – 1446), justamente um dos teóricos desse tipo de desenho em perspectiva.

Bem, mas se você tem uma câmera sem correção de perspectiva mas gostaria de endireitar as verticais de suas fotos, nem tudo está perdido. Basta você provocar a distorção inversa no seu ampliador inclinando o plano do papel.

Esta imagem é um scan direto do negativo de uma foto feita em um templo Romano na cidade de Évora, em Portugal, foi tomada com uma Olympus OM1n e uma lente 50 mm. Eu precisei inclinar um pouco a câmera para cima para pode colocar o templo todo no quadro. De outra forma, se eu deixasse a linha do horizonte bem no meio da foto, pegaria muito chão (que já foi cortado ainda mais nessa imagem) e deixaria o topo das colunas fora da fotografia. Feita essa opção as colunas ficaram assim como que tombando um pouco para trás.

Para remediar a situação na hora de fazer a ampliação em papel eu inclinei o marginador. A lógica é que como o feixe de luz é cônico, aquilo que se aproxima da lente fica menor e reciprocamente o que está mais longe cresce.

A situação então era algo assim com se vê acima. Para focalizar é preciso escolher o centro da foto e fechar bem o diafragma. Há um efeito de profundidade de campo e com a iris bem fechada ainda se obtém uma imagem nítida no campo todo.

O resultado final foi uma foto melhor corrigida como se vê acima. Não acho que valha a pena se fazer contas para esse tipo de coisa. Não é o caso de se tentar medir ângulos, calcular a inclinação ou a profundidade de campo de lente. Estando no laboratório o mais prático é ir mexendo o marginador, o foco, volta-se para o marginador e assim, interativamente, se procurar o ponto que pareça o melhor. Existem ampliadores mais sofisticados que permitem mover-se também o plano do filme, talvez nesses casos seria mais recomendado um procedimento mais minucioso.

Uma coisa que ajuda é ter uma folha quadriculada que sirva de gabarito tanto para horizontais como verticais e permita assim uma avaliação mais precisa.

Este recurso não é útil apenas em assuntos geométricos. Muitas vezes fazemos retratos com lentes mais angulares e depois percebemos que elas deixam tudo que estava mais próximo muito grande. Pode-se usar a mesma lógica para amenizar, mesmo sabendo que raramente dará para corrigir completamente esse problema. O princípio geral é subir o lado da foto onde há exagero de algum elemento e teremos de fato o efeito de torná-lo menor. O problema é que haverá sempre o efeito contrário do lado oposto e então é preciso ir experimentando para encontrar um ponto de equilíbrio.

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