Esta é uma lente lançada na década de 60 e que deve ter dado a sensação de que a perfeição havia enfim chegado. Na teoria isso jamais seria verdade, mas na prática, ainda hoje, não saberia apontar alguma falha nessa lente, não saberia dizer onde ela deixa a desejar na qualidade da imagem, uma vez respeitadas as suas especificações . Seu ângulo de visão é de 105º a f/22. Seu círculo de imagem é de 235 mm. Isto é suficiente para, no formato 4×5, realizar translações de 61,0 e 52,8 mm, ou seja, é possível se deslocar a lente até quase o limite do quadro e ainda assim ter imagem no lado oposto. No formato 4 X 5″, cujo tamanho real é 94.4 x 120.3 mm, utilizado em orientação paisagem, o ângulo na horizontal é de 68º e na vertical é de 55º. Se todo o seu ângulo de visão de 105º for utilizado, ela cobre o formato de 13 x 18 cm.
Para focalização sua abertura máxima de f/5.6 produz uma imagem brilhante no vidro despolido e não há significativo escurecimento da imagem nos cantos.
Esta lente veio junto com uma Linhof Technika V e por isso trás o “Technika” gravado em seu anel frontal. Infelizmente não tenho o cam original com seu número de série para poder focalizar pelo telêmetro. Já experimentei com outro cam de Linhof 90 mm e realmente há uma diferença. Tenho então que usar ou a escala de distâncias ou o vidro despolido. Para uma grande angular é comum que se fotografe com foco no infinito e então os stops no trilho e mais o visor multi focal da Linhof permitem em muitas situações fotografar sem de fato fazer o foco pelo despolido caso não haja movimentos da lente ou filme.
Pelo número de série esta lente deve ter sido fabricada em 1972, segundo o Vade Mecum.
Para dar a distância relativamente curta entre a lente e o filme essa Super Angulon utiliza um recessed lens board. Os seus controles de velocidade e abertura são preparados para isso e podem ser operados facilmente. Apenas a alavanca que abre a lente para focalização fica na lateral do corpo do obturador e a ponta do meu dedo mal consegue entrar no vão para abrir e fechar. De resto, é uma lente muito fácil de usar.
A geração anterior de angulares da Schneider, a Angulon f/6.8 lançada na década de 30, ainda seguia o conceito clássico das grande angulares simétricas tais como a Dagor da Goerz ou Collinear da Voigtlander e algumas Protares da Zeiss. Ela havia chegado provavelmente ao máximo de abertura que um tal conceito permitiria. Já as Super Angulon, inicialmente com f/8, das quais foram notados alguns exemplares já no final da década de 50, formam uma nova linhagem que não mais utiliza a completa simetria entre os dois grupos, um à frente e outro atrás do diafragma.
A Schneider oferece hoje uma Super Angulon XL 120º f/5.6, mas não sei se o acréscimo de preço é correspondido, para a maioria dos fotógrafos, por um acréscimo de qualidade e número de situações que estes 5º a mais possibilitem. No site da Schneider esta Super Angulon f/5.6 aparece na secção “Vintage Super-Angulon Data“. É verdade que as primeiras já passaram dos 60 anos, mas para o meu uso essa é uma lente novíssima.
Abaixo uma foto sem recortes realizada com esta Super Angulon 90 mm f/5.6. O filme foi um Fomapan 100 e a abertura f/16 . Para melhorar o foco no primeiro plano, na estrutura de ferro do lado direito, eu fiz um swing na traseira da câmera pois apenas a profundidade de campo parecia que iria trazer uma imagem muito ruim dessa coluna. Pode-se observar também que a lente sofreu um deslocamento vertical para cima pois a linha do horizonte caiu a mais ou menos 1/3 do quadro sem que as verticais passassem a convergir. Utilizei também um filtro amarelo claro.
Na próxima foto em penso que a grande angular foi importante para colocar o observador dentro da cena, quase como se ele estivesse sentado na mesma mesa. Com uma lente de foco mais longo ele seria mais um observador distante.
Grande angulares são também interessantes para dar uma certa monumentalidade para objetos pequenos e familiares. Na foto abaixo, um front-raise garantiu este efeito por baixar bastante a linha do horizonte.