Contessa, 1950 – 1955
Esta é uma top de linha da Zeiss Ikon em sua extensa gama de câmeras para filmes 35mm com fole e dobradura. São como miniaturas das Super Ikontas. O que este modelo tem de sofisticado, além do fotômetro de selenium, é o telêmetro acoplado que permite focalizar diretamente no visor da câmera. Isso não é pouco se pensarmos que suas contemporâneas Leicas III não ofereciam esta possibilidade pois a focalização por telemetria era feita em uma janela e a composição da cena em outra.
A lente é uma Tessar f/2.8 com focal de 45mm. Provavelmente o desenho de maior sucesso da história da fotografia analógica. É uma excelente óptica porém, como em muitas outras câmeras da Zeiss Ikon, o foco é feito movendo-se apenas o elemento frontal da Tessar. Os outros dois grupos são fixos. Esta escolha é baseada no fato de que movendo-se apenas o elemento frontal o curso para focalização de 1 metro até infinito é cerca de 1/3 do que seria movendo-se o conjunto óptico completo.
Esse curso menor facilita bastante o design para fazer com que tudo possa ser fechado no exíguo espaço que sobra quando a câmera está fechada. Como sempre em óptica, ganha-se de um lado mas perde-se de outro, a aberração esférica nas aberturas maiores resulta em uma imagem aquém do que uma Tessar normal pode render. Mas não é nada para assustar o usuário normal em busca de boas fotos com uma câmera prática, pequena e versátil.
A Contessa é equipada com um obturador no compartimento da lente. É o sofisticado Synchro Compur com velocidades B, 1s até 1/500 e com sincronismo de flash M e X em todas elas. Velocidade e abertura são ajustadas diretamente nos anéis frontais. É muito fácil com o polegar esquerdo. À direita está a alavanca para armar o obturador e uma outra maior para disparar.
Não é possível se avançar o filme sem disparar e nem disparar sem ter avançado o filme. Isso é garantido pelas cremalheiras que aparecem logo abaixo do quadro na foto acima. O avanço do filme se faz girando-se um botão na base da câmera. Marcado com o A na foto abaixo. R é para rewind, isto é, para rebobinar o filme depois de exposto.
O contador de fotos aparece também na base da câmera e precisa ser zerado manualmente cada vez que se carrega um novo filme.
É muito bem pensada essa lingueta na porta traseira da Câmera que ajuda a mantê-la na horizontal se for apoiada em uma superfície plana. Muitas vezes, viajando ou passeando sem um tripé, esse dispositivo pode ser de uma boa ajuda para se apoiar a câmera em uma superfície qualquer.
Fechada ela fica realmente pequena e embora seja um pouco pesada, pode ser levada no bolso de um casaco. O acabamento deste exemplar está mostrando oxidação na partes externa. Não sei qual foi a condição de armazenamento e uso desta câmera com seus antigos donos. Mas também já li que nos anos após a guerra a disponibilidade de materiais tornou-se complicada e por esse motivo é comum que se encontrem câmeras com sinais dessa qualidade comprometida pela escassez. De qualquer forma, ela está completamente funcional exceto o fotômetro que não responde mais.
Aberta ela mais que dobra de tamanho no comprimento. Nessa hora nos damos conta de como os foles são práticos e inteligentes para uso em fotografia.
Os filtros da Zeiss Ikon são todos de um cuidado exemplar na embalagem, no desenho e materiais. Para fotografia em branco e preto são muito úteis. Não gosto muito da dramaticidade que um filtro vermelho dá a um céu azul mas o amarelo produz um realce nas nuvens que me parece mais natural do que a foto sem filtro.
Como praticamente todas as câmeras da época a Contessa vinha com um elegante estojo de couro que podia fica na câmera mesmo durante o uso. Na prática eu acho mais conveniente colocar a alça diretamente na câmera. Quando dobrada e pendurada no pescoço ela não atrapalha em nada e já fica bem protegida. É uma ótima opção para fotos de viagem e reuniões de família.
Algumas fotos feitas com esta Contessa. A última, no jardim de Versalhes, é de 1998.