Darlot – B.F & Co.

A firma Darlot está entre as mais antigas fabricantes de lentes fotográficas da França. Sua história começa com Jean François Jamin que fabricava instrumentos ópticos desde 1822, portanto, antes mesmo do anúncio do Daguerreótipo em 1839. Quando isto aconteceu, imediatamente Jamin passou a fabricar lentes para as primeiras câmeras fotográficas e foi um licenciado oficial de Louis Daguerre para produzir equipamentos com sua chancela. Lançou um conceito de grande sucesso que foi o Cone Centralisateur. Mais tarde Alphonse Darlot entrou como sócio e em 1860 assumiu sozinho a empresa quando da aposentaria de Jean François Jamin. Inicialmente as lentes levavam o nome Jamin Darlot e depois de 3 anos somente Darlot.

Este exemplar leva a gravação B.F & Co. e nos permite identificá-lo com algo bem mais recente. Possivelmente nos anos 1890. Trata-se de um distribuidor dos equipamentos Darlot e Voigtlander baseado em Boston, USA. Já era comum naquela época que um distribuidor importante negociasse com seu fornecedor de acrescentar sua marca nos produtos que vendia.

Esta é a capa do catálogo de 1890. Vemos que o destaque maior vai para as lentes Voigtlander, da Alemanha, sem dúvida de maior prestígio que a Darlot. De um modo geral, desde o princípio da fotografia, lentes inglesas e alemãs sempre tiveram fama e preço bem acima de suas correspondentes francesas. Em matéria de qualidade isso talvez não se justifique para as lentes mais comuns. Mas é inegável que em matéria de inovação as firmas francesas eram no geral mais seguidoras do que pioneiras. Benjamin French, diz ter exclusividade na distribuição das duas marcas para os Estados Unidos.

O desenho desta Darlot é a clássica lente de Petzval, desenvolvida pelo matemático austríaco em ~1840. Ela consiste em um dubleto colado na frente e um dubleto separado atrás. O papel do primeiro é dar convergência à luz captada pela lente e o segundo visa endireitar o plano focal, mas o faz apenas parcialmente. Como conceito, é uma lente cheia de aberrações, mas de enorme sucesso pois é luminosa e funciona muito bem para retratos. Ela dá uma imagem muito nítida na parte central e se degrada rapidamente em direção à periferia. Praticamente todo fabricante de lentes fotográficas oferecia lentes do tipo Petzval em seu portfólio. Isso foi regra desde a década de 1840 até início do século XX e hoje ainda são produzidas como lentes “alternativas” ao mainstream.

Na época provável de sua produção essa era uma lente tão comum, mais de 50 anos de história, que nem número de série ela possui gravado. Utiliza como diafragma os tradicionais insertos tipo Waterhouse mas não veio nenhum com este exemplar. Mas isso é muito fácil de se imprimir em 3D desde que se calcule os diâmetros dos furos.

Na página em que Benjamin French introduz as lentes Darlot de seu portfolio ele explica que decidiu gravar suas iniciais por conta de muitas falsificações que eram oferecidas no mercado. Como se os falsificadores não pudessem gravar também o B.F & Co. Comenta que o “extremamente baixo preço” das lentes Darlot não deve ser a única razão para que sejam adquiridas pois em matéria de “velocidade e excelência geral elas igualam-se às melhores lentes disponíveis”… com excessão das Euryscopes, que ele também distribuia, da Voigtänder & Son’s.

O exemplar da coleção aparece na segunda tabela no tamanho 1-3. Diâmetro da lente 1   7/8″ ou ~48mm e distância focal de 5 ½” ou ~138 mm. O formato recomendado para o filme ou placa é 4½ x 5½”. Mas isso me parece um pouco exagerado. Como a imagem vai perdendo definição para as bordas, acaba sendo muito subjetivo dizer que formato a lente realmente cobre. O que observei é que com ela toda aberta em um filme 4×5″, mais para as bordas a imagem já está realmente bem embaçada.

O comprimento total, incluindo o parasol, é de ~110 mm. O diâmetro do corpo é ~62mm e isso permite, com uma flange de 80mm, instalar a lente em muitas câmeras de 1/4 de placa, equivalente/compatível com 4×5″ ou 9×12 cm.

Esta foi a primeira foto que fiz com ela. Foi em 4×5″. Existe um fall-off nesse formato mas não é tão acentuado. Fui eu que dei um burning para destacar o balanço e também inclinei um pouco no sentido anti-horário para dar um movimento. Dá para perceber um certo swirl no fundo. Importante notar que não é apenas perda de foco que tira a definição da paisagem, neste caso são as aberrações, esférica, coma, astigmatismo, distorções, etc, para as quais este desenho de lente não daria conta de suprimir.

 

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