Minox B | Minox

– Minox B – Minox – 1970/1972 –

Essa é uma linda peça de engenharia. Ela pertence à categoria chamada “sub-miniatura” em termos de formato. Utiliza cartuchos especiais e faz negativos de 8 x 11 mm com uma abertura fixa de f3.5 em uma lente de 12 mm (há uma tabela com as profundidades de campo no final deste post). As velocidades podem ser T, B, 1 a 1/1000. O foco é ajustado manualmente em uma escala de distâncias. A Minox oferece correção automática de paralaxe direto no visor e possui ainda filtros que podem ser deslizados sobre a lente. Há um verde-amarelado e um cinza. O cinza existe pois com uma abertura fixa em f3.5 podem haver situações em que mesmo 1/1000 de velocidade levaria a super-exposição, ou então, por qualquer razão, quer-se utilizar uma velocidade mais baixa, para esses casos, existe o filtro cinza. O que surpreende nesta câmera é a qualidade geral da imagem sendo que a única limitação à nitidez é o grão do filme. Por essa razão eu tento utilizá-la apenas quando grão não chega a ser estética ou tecnicamente um problema. Este modelo B tem um fotômetro incorporado que foi uma inovação em relação ao seu predecessor A. Foi produzido de 1958 a 1972 e era mais um artigo de luxo. De acordo com o número de série, esta máquina foi produzida nos últimos anos de 70/72. O projeto original para uma câmera sub-miniatura foi concebido em 1922 pelo letão-germânico Walter Zapp, e a produção mesmo só teve início em 1936. A Minox é uma empresa ainda ativa e concentra-se principalmente em binóculos para uso esportivo. Ele mantêm um ótimo website com a história, modelos, números de série e outras informações. Para visitar a página com a história clique neste link.

minox_b_pack

minox-George-LazenbyCaixa , estojo em couro, manuais detalhados, corrente, tudo muito bem desenhado e acabado para uma câmera tão pequena, esta era a experiência de sofisticação que a Minox queria dar aos seus usuários. Ter uma Minox era uma espécie de afirmação que colocaria alguém fora e acima da banalidade da fotografia a baixo custo. Adicionando à lenda, a Minox se tornou a câmera do espião por excelência. Mas não para um espião qualquer, apenas para os mais elegantes, como James Bond, que charmosamente capturava com ela seus instantâneos secretos. Foi assim com George Lazenby, em 1969, no filme de James Bond, Em serviço secreto para Sua Magestade.

A parte mais difícil, pelo menos para mim, em usar uma Minox é evitar tremer a câmera na hora de apertar o disparador. Ela é tão pequena que não dá para contar com qualquer efeito de inércia para ajudar a mante-la mais estável. Por isso e acima de tudo, se você não for James Bond, não tente usá-la com luvas de couro e não a vire de ponta-cabeça sendo obrigado a dispara-la com o polegar. Em vez disso, siga as instruções do manual do usuário como é mostrado nas figuras abaixo.

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minox_flash_coverFlash Cubes forão parte da cultura de massa dos anos 1960. A esse respeito, a Minox concedeu em ter uma sapata acessória que fazia com que  seus usuários tivessem algo em comum com os proprietários das Kodak Instamatic. Comprado à parte, o acessório era uma espécie de prolongamento do corpo da máquina e permitia nele se instalar um flash cube que tinha que ser girado manualmente  para colocar uma lâmpada nova na posição. O único problema dessa solução é que se você estiver fotografando no modo paisagem você terá uma luz lateral e isso pode parecer estranho em alguns casos. Câmeras maiores procuram posicionar o flash em uma diagonal em relação à lente de modo que seja sempre possível ter a fonte de luz em uma posição acima da lente. Essa é a maneira em que as sombras se ajustam melhor aos nossos padrões de imagem.

minox_flash_shoe

Com a Minox não se tem lentes intercambiáveis. Mas talvez um espião tenha sugerido que seria muito útil um adaptador para binóculos a ser usado em algumas missões top secret.

minox_binocular

Revelando filmes Minox

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Trabalhando com negativo 8 x 11 mm tem lá suas idiossincrasias. Para revelação, a Minox oferecia um lindo tanque em bakelite que por si só já é uma joia. Você coloca o cartucho do filme debaixo na borda da tampa (à direita), prende o filme nessa parte de metal na “torre” em espiral e com os dois sobre o recipiente, enrosca o tambor na tampa e ele vai entrando no tanque já desenrolando o filme. A operação foi concebida para que seja realizada em plena luz do dia. Embora o tanque revelador seja por si só muito interessante, ele não é absolutamente necessário. Pode-se revelar em qualquer recipiente que contenha o filme, que não deixe entrar luz (ou que tudo se passe no escuro completo) e que permita uniformidade de exposição da emulsão ao químicos.

minox_developing_tank_box

Depois de pronto para iniciar o processe ele ficará assim. O termômetro, além de dar as temperaturas, é também o agitador que deve ser apenas movimentado acima/abaixo para proporcionar o movimento do revelador. Um filme de 36 poses pode ser processado com apenas 53 ml de revelador.

Ampliando negativos Minox 8 x 11 mm

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Uma vez que você tenha os negativos é hora de amplia-los. Para isso, não conte com sua lente de 50 mm a não ser que seu ampliador tenha uma coluna muito alta. Com a lente de 50 mm, para se obter uma ampliação de 15 x 21 cm, é necessário colocar a lente a 100 cm de distância da mesa do ampliador. Sendo um negativo de apenas 8 x 11 mm uma lente muito mais curta se torna altamente desejável. Para isso estou usando uma objetiva do sistema Pentax 110. É uma lente normal para aquele formato de câmera e tem 18 mm/f2.8. Não é nada difícil de se encontrar essa lente em sites de leilões, ela não é cara,  e pelo seu tamanho, o custo do frete, mesmo internacional, não é alto. Um anel adaptador foi feito especificamente para usar com essa lente em um ampliador. O anel se prende na rosca do filtro da lente de modo que quando colocado no ampliador a lente fica do lado de dentro do fole. Isso é bom por duas razões. Primeira, porque é muito mais fácil fazer uma rosca do que uma baioneta que prenda bem a lente. Segundo, porque estando dentro do fole isso permite uma aproximação muito maior em relação ao negativo e essa condição pode ser muito útil dado a focal tão curta que a lente possui.

Se você se interessa por Minoxes mais pelo lado do momento de fotografar e o processo tradicional de ampliação não constitui um atrativo em si, outra possibilidade é fazer um scan dos negativos usando um scanner que tenha a capacidade de manipular mídia transparente.

Rebobinando filmes Minox a partir de 35 mm

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Outro tópico é sobre como rebobinar filme fresco nos velhos cartuchos. Eu fiz uma rebobinador de trilho que usa filme 35 mm e corta duas tiras que podem ser depois carregadas nos cartuchos Minox. É claro que é preciso ter alguns desses cartuchos originais. Estou preparando para a secção “faça você mesmo” um tutorial sobre como construir e usar esse rebobinador. Mas, basicamente, você deita uma tira de filme sobre o trilho, passa um cortador de lâminas sobre ele e pronto. já estão lá as duas tiras. Isso precisa ser feito em escuridão completa.

 

Fotos

Algumas fotos feitas com a Minox B e ampliadas com a Pentax 110 18 mm.

Instruções do tanque de revelação Minox

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Tabela de profundidade de campo

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3 CommentsLeave a comment

  • Olá! Fiquei maravilhado com outro brasileiro usando uma Minox não só para decoração. Quase não vi informação em português sobre essa maravilha mecânica. Arrematei uma IIIs no ano passado por um preço bem módico, só a câmara, e um retalho da corrente. Nunca consegui os cartuchos vazios, comprei um certa vez, recebi uma bela caixinha de filme Agfa dos anos 70, com o “caixão” que deveria conter o cartucho, mas cartucho que é bom, nada. Acabei por fazer uma peça em alumínio para enroscar o filme no carretel. Consigo carregá-la, desde que na escuridão. Corto o filme com um gabarito, uma régua e um estilete mesmo, fiz algumas bugigangas para ajudar já, mas nenhuma muito praticável. Por vezes gosto de usar como filme papel fotográfico, adoro fazer pequenas cópias de contato dos negativos.

    • Ah! sobre o ampliador. Uso um WZFO Krokus da década de 50, que era de meu bisavô, com uma lente 50mm, pois a cabeça do ampliador torna, posso projetar a imagem na parede com qualidade considerável.

  • Adquiri recentemente uma Minox B num leilão de antiguidades. Só lendo o teu blog é que percebi que o ator George Lazenby usou a Minox A (não tem fotômetro) de cabeça para baixo!

    Como ainda não consegui o caro e difícil filme, fiz uns exercícios “em seco” com ela, e percebi que usar a câmera invertida, como Lazenby fez, dá duas vantagens: dá mais estabilidade à câmera (fica mais firme se apoiada entre os olhos e o topo do nariz) e há menos chance de se encobrir a lente da câmera com o dedo da mão de apoio.

    Obrigado por postar este material! Não sou muito versado em fotografia, mas tenho interesse nas Minox por seu papel na Guerra Fria.

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