Technika III 5×7″ 13×18 cm | Linhof

Esta Linhof permite os formatos 5 x 7″ e 13 x 18 cm, embora ligeiramente diferentes (5 x 7″corresponde a 127,0 x 177,8 mm) são normalmente possíveis na mesma câmera pois dependem apenas do chassis empregado. Isto é, externamente os chassis dos dois formatos são iguais e apenas internamente se ajustam a um ou outro tamanho de filme ou placa. Este é um tamanho que considero muito conveniente nos dias de hoje, para o fotógrafo amador, pois permite fotografias impressas por contato que já têm um tamanho muito agradável de se olhar nas mãos ou em algum álbum.

Poder imprimir por contato permite simplificar enormemente o laboratório.  Todos os equipamentos necessários podem ser guardados em um armário pequeno e montados 5 minutos antes de se iniciar uma sessão de revelação de chapas ou impressão de cópias. Além da contateira, que pode ser pequena, justo no tamanho necessário, apenas 3 bandejas, alguns beckers de 250 ml e alguns vidros para guardar as soluções são necessários. Uma luz de segurança e um celular como cronômetro completam o básico necessário. É muito mais fácil e custa muito menos do que ter um laboratório dedicado, com ampliador, para se fazer fotos a partir de filmes 35mm. A câmera também não precisa ser uma Linhof, muitas view cameras de madeira podem ser usadas por uma fração do preço. Não vou me estender na defesa desse formato, mas deixo aqui esse ponto para que aqueles que pensam em fazer fotografia analógica meditem e tirem suas conclusões.

A Linhof orgulhava-se bastante de que sua linha de Super Technikas ofereciam, mesmo em grande formato, um rangefinder para focalização. Lemos acima: “A 5×7” (13×18 cm) SUPER TECHNIKA é a única câmera no mercado mundial, do tipo imprensa [press camera], neste formato,  a oferecer um telêmetro acoplado”.  Realmente era uma proeza de engenharia. Cada lente era calibrada com uma peça chamada cam, fornecida e numerada com o mesmo número de série da lente, e com ela o fotógrafo podia focalizar por um telêmetro no corpo da câmera. Mais incrível ainda aos olhos contemporâneos, é que tudo isso era feito manualmente começando com régua e compasso, nada de CAD ou usinagem por CNC. Abaixo, uma foto de um folheto da Linhof mostra o departamento de desenho.

Apesar disso, minha Technica não possui esse rangefinder e eu acho ótimo. A câmera já é pesada e eu não imagino fotografar com ela na mão. Possuir o telêmetro a tornaria ainda mais pesada para ter um recurso para o qual não vejo muito utilidade. Uma câmera com vidro despolido normalmente tem como atrativo o foco e enquadramento preciso com movimentos da placa da lente e da traseira da câmera. Para que jogar isso fora e ainda ter que pensar em minimizar problemas de paralaxe? Para pessoas que pensam como eu, felizmente, a Linhof concedia em oferecer modelos sem telêmetro e este é o caso do meu exemplar.

Por ser uma drop-bed, isto é, uma câmera de dobradura que se estende para frente como por uma portão levadiço, ela tem os movimentos mais limitados do que em uma monorail . Mas eles são razoáveis como se lê na ilustração acima. O fole se estende por ~56 cm (22″) e isso permite lentes muito longas para o formato.

Mesmo com toda essa possibilidade de extensão, que se faz por meio de uma plataforma tripla, a câmera se mantém satisfatoriamente rígida para uso normal. É claro que se você balançar a placa da lente quando ela está toda avançada, ela irá balançar, mas basta não fazer isso enquanto expõe a sua foto.

O movimento de front raise é bem amplo com 2 ½” (63 mm). As angulações da traseira são mais modestas por conta do sistema tradicional da Linhof dos quatro eixos com travas. Cada canto da traseira pode recuar até uma polegada, 25,4 mm.

A frente pode deslizar para os lados, 3/4″ (19 mm), e tombar para trás 10º ou girar sobre um eixo vertical 12,5º.

 

Eu experimentei adaptar no despolido de 13x18cm um fresnel que tirei de um retroprojetor. Surpreendentemente funciona muito bem e acabou ficando definitivo. Ele é grosseiro mas ajuda muito com lentes mais curtas e não prejudica a focalização.

Muito prático para usar em casa é esse adaptador para 4×5″. Com ele sobram todos os movimentos e extensões que às vezes ficam um pouco acanhadas na Super Technika V 4×5″. A traseira rotativa é prática mas eu nem lembro de alguma vez ter utilizado algum ângulo que não fosse ortogonal. Normalmente começo por nivelar o tripé e depois utilizo sempre retrato ou paisagem.

Uma coisa muito boa na Linhof 5×7″ (13 x 18 cm)  é que a placa da lente, lens board, é simplesmente um retângulo com ~ 3 mm de espessura. Dessa forma é possível se fazer caseiramente quantos lensboards forem necessários a um custo muito baixo. Como a gama de lentes que uma câmera dessas permite é muito grande, eu como que padronizei esse lens board e adapto a maior parte das lentes para uso nessa câmera e outras câmeras para usar o mesmo lensboard. Por exemplo, esta Thornton Pickard 18 x24 cm está com uma Protar 300mm que posso usar também na Linhof.

Um outro ponto alto da Linhof são os chassis. Esse tipo, como da foto abaixo, permite não só se carregar filmes mas placas de vidro também. Isso é ótimo para quem faz placas secas. De 1 mm até algo perto de 2 mm de espessura esse chassis aceitam bem placas de vidro.

Em um folheto sobre a história da empresa, vemos o lema que os orientava: precisão e robustez. Para isso a fábrica desenhava e fabricava não apenas as câmeras mas a ferramentaria que iria produzir as câmeras. A tolerância era colocada em menos de 1/100 milímetros e para garantir este padrão a temperatura no interior da fábrica era mantida constante para assegurar a calibração dos instrumentos. Todo esse esforço levou a que ainda hoje seja um prazer usar esses aparelhos que realmente encarnam o princípio da Linhof: precisão e robustez.

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