– 223 mm | f/3,6 | ~1890 –
Derogy figura entre os mais importantes fabricantes franceses de lentes fotográficas. A empresa foi fundada em 1820 em uma região 120 Km ao norte de Paris, chamada Songeons. Desde o início do século XVIII, as pequenas cidades que compunham Songeons já fabricavam lentes para óculos, lunetas, prismas, lupas, espelhos e outras aplicações para vidros polidos. Historicamente, desde a Idade Média, a Itália era a grande fornecedora de vidros ópticos para todo o mundo. Em especial Veneza, onde já havia uma guilda de opticistas em fundada em 1284. Esse fato atesta um grau elevado de importância e sofisticação (History of Eyeglasses).
No século XV, Florença assumiu a liderança que continuou assim na Itália. Foi só com o crescimento vertiginoso da imprensa, com as centenas de periódicos lançados no século XVII, que o mercado de óculos também cresceu enormemente para abastecer os novos leitores. Aos poucos impulsionou uma indústria local que floresceu em outros países europeus, entre eles a França.
O crescimento do protestantismo deve também ter influenciado o aparecimento de um público leitor pois a nova religião incentivava uma relação direta do crente com Deus através da leitura da Bíblia. Hábito este que a Igreja Católica abertamente inibia chamando para si o papel de intermediária entre o fiel e o outro lado. Seja como for, além desses aspectos funcionais, já no Renacimento, usar óculos passou a ser visto como algo elegante e indicativo de que a pessoa seria cultivada e inclinada aos estudos.
A indústria óptica às vésperas da fotografia
No início do século XIX, em Songeons, o setor ocupava um lugar de destaque na economia da região. No livro Description du département de l’Oise, escrito por um certo Cambry, em 1803, ele contava 80 lunettiers (trabalhadores na produção de óculos) e 250 frotteurs de verre, polidores de vidro para óculos e outras aplicações. Somente em óculos produziam anualmente a impressionante soma de 920 mil unidades. Cambry estima ainda em 34 mil a quantidade de outros produtos em óptica.
O modo de produção era ainda um modelo praticamente medieval. Em uma publicação de 1836 (Précis statistique sur le canton de Songeons, arrondissement de Beauvais – Oise ) lemos como funcionava a produção: “A fabricação de óculos foi introduzida por volta de 1730 na região. A fabricação é realizada por trabalhadores independentes. Os comerciantes que vivem em Songeons recebem os vidros de Paris , os distribuem aos polidores e, uma vez devolvidas as peças com o polimento adequado, são montadas nas armações e despachadas para o comércio”. Essa indústria viveu, justamente às vésperas da invenção da fotografia, a passagem do trabalho autônomo, realizado em casa, certamente envolvendo a família toda e pago por produção, para a manufatura em unidades fabris, com profissionais especializados, com horários e salários baseados na compra do tempo do operário.
Se o polimento era caseiro, a montagem dos aparelhos ópticos, incluindo os simples óculos, já era centralizada, pois tubos e armações requeriam mais máquinas, uma mecânica mais fina e ainda utilizavam materiais nobres como metais preciosos. Realizava-se em pequenas fábricas que empregavam poucos trabalhadores. Lemos no Précis statistique acima citado: “M. Cazette estabeleceu recentemente, em Songeons, uma pequena fábrica que emprega uma dúzia de trabalhadores e monta óculos em ouro e prata; esta empresa nascente faz produtos muito bonitos”. Em sua descrição de 1803, Cambry relata o perfil dos lunettiers: “Quatro ou cinco meses são suficientes para treinar um trabalhador inteligente: mulheres e crianças de dez ou doze anos, produzem óculos com muita precisão e habilidade”. As crianças não tinham nem de longe a condição que têm hoje e trabalhavam duro em casa e no campo. Quando as fábricas abriram, ninguém viu nada de errado em recrutá-las também para essas novas tarefas.
Já os frotteurs de verre tinham na sua atividade praticada em casa algo como que uma renda complementar. Sobretudo no inverno, quando a lavoura não tinha demanda, dedicavam-se ao polimento: “Eles trabalham por conta própria e podem produzir doze dúzias de vidros por semana […] No entanto, essas quantidades são muito variáveis, pois o polimento requer habilidade, força e longa experiência” (também no Précis Statistique).
O polimento de lentes pode ser algo bastante simples. O problema de sua execução manual é que trata-se de um trabalho extenuante por exigir esforço repetitivo por um longo tempo. O que se ganha com a mecanização é a produtividade e relativa precisão. Digo relativa pois é sabido que um bom opticista tradicional, conhecedor de sua profissão e cuidadoso na execução não fica a dever às modernas máquinas para a produção de lentes. Mesmo nas grandes indústrias, historicamente, os protótipos foram sempre realizados com grande participação do trabalho manual e nem por isso com menor qualidade. O próprio Petzval, depois de brigar com Peter Voigtländer em 1845, começou a produzir sozinho, sem nem mesmo assistentes, as lentes que desenhava (veja A lente de Petzval). Uma máquina motorizada, como a polidora acima, leva de 30 a 60 minutos para polir um brocado (agregado de várias lentes para polimento). O mesmo trabalho executado manualmente consumiria certamente muitas e muitas horas de grande esforço e atenção.
Depois dessa longa fase em que uma indústria já viçosa dependia de polimento manual e caseiro veio o uso de energia hidráulica, dos moinhos que se instalavam no curso dos rios, que permitiu a aceleração do processo e sua consequente centralização em fábricas. Mas a transição não foi fácil e não ocorreu sem resistência dos frotteurs de verre. É mais do que sabido que a Revolução Industrial foi um processo muito penoso. Toda a sociedade atirou-se, sem ver outra alternativa, em uma mudança muito radical e aparentemente (até hoje) sem volta. Lemos no Précis Statistique, lembrando que ele é de 1836: “Os Srs. Courtin e Michel estabeleceram em 1834, no município de La Chapelle-sous-Gerberoy, um motor mecânico com energia hidráulica, destinado a substituir o polimento à mão que ainda é praticado por todos. Esta tentativa encontrou os obstáculos que sempre aparecem em todos os lugares quando da introdução das máquinas que devem substituir o trabalho manual. Os empresários, sem encontrar trabalhadores para ajudá-los, tiveram que ceder à esperada resistência que seu mal entendido interesse pessoal a eles se opunha”. Mas a pressão por maior produtividade era grande e foi forçosamente aceita. Depois da energia hidráulica rapidamente veio o vapor e finalmente as máquinas elétricas. Mas o processo em si permaneceu o mesmo.
Wallet e Derogy
A empresa fundada por Pascal Wallet em 1820, e que mais tarde seria assumida por seu genro Eloi-Eugène Derogy, não foi das mais brilhantes em inovações no desenho ou novos conceitos em lentes fotográficas. Mas foi importante por ser uma das primeiras a se mecanizar e fazer a transição do período acima descrito, de produção caseira e manual, para o industrial. Chegou mesmo a desenvolver maquinário para esse fim. Lemos ainda no Précis Statistique: “O Sr. Wallet [Jean-Baptiste Wallet, filho de Pascal Wallet], de Ernemont [cidade dentro de Songeons], desenvolveu uma máquina de polimento que ele chama de mécanoptique e que é movida por uma roda manual (rue à bras); Ele prepara cerca de trezentas dúzias de meniscos para óculos. O Sr. Derogy, seu cunhado, usa um processo similar para preparar uma quantidade igual de lentes para telescópios [não está especificado mas, por comparação, deve ser produção anual]. Seus produtos são enviados diretamente para Paris”.
Fabricação de ópticas segundo a Enciclopédia
A enciclopédia de Diderot e d’Alambert, 4ª edição de 1768, tomo V das pranchas ilustrativas, trás algumas imagens interessantes sobre a fabricação de lentes naquela época. Reproduzo abaixo as pranchas que ilustram o ofício de lunettier.
Acima está um atelier do século XVIII. À esquerda vemos dois trabalhadores em uma máquina igual a que aparece em L’Histoire Industrielle De L’Oise. Um deles é o “motor” e o outro faz o polimento propriamente dito. A rotação dada à manivela é multiplicada por um par de polias e transmitida ao eixo por um sistema de coroa e pinhão. Nesse eixo gira a calota que dá o polimento à lente . Mas a lente ainda precisa ser movimentada manualmente sobre o molde girante.
À direita vemos sentado um outro sujeito fazendo o mesmo trabalho, polindo uma lente, porém de forma totalmente manual. O aparato utilizado para isso é detalhado embaixo na página: Fig 18 é um bloco de vidro bruto (quadrado), Fig 19 é o vidro arredondado , em forma de disco, Fig 20 é o vidro A montado sobre um cabo B (molette), Fig 21 temos a mollete com o vidro na posição em que é esfregado em uma bacia em forma de calota (bassin) que irá dar forma esférica ao vidro para formar assim a alente. O movimento da mão é como se estivesse mexendo uma colher fazendo-a, a intevalos, também girar sobre seu eixo.
O trabalhador mais à direita opera um pequeno torno, mas não temos detalhes sobre o que exatamente ele faz. Talvez prepare um molde, uma calota côncava ou convexa. Note que a rotação do eixo é produzida com um pedal acionado pelo próprio operador do torno.
No centro da página estão lentes plano côncavas, “para diminuir os objetos”, plano convexas “para aumentar os objetos”, e bi-convexas para lupas e telescópios. As formas quase esféricas das Fig 17 e 18 são lentes para microscópios. São os produtos do atelier.
Nesta prancha temos ao alto um par de óculos, um monóculo articulado, uma lupa de joalheiro, Fig 5 é uma luneta de ópera, vários prismas e ferramentas.
Nesta prancha III temos ao alto as várias “bacias” que são moldes para dar diversas curvaturas às lentes e mais ferramentas na segunda metade da página.
Nesta prancha IV, temos duas máquinas grandes em detalhe. A primeira é utilizada para cortar as montagens de óculos e também para polir. Abaixo uma vista detalhada da máquina para polir lentes, como foi apresentada em operação na prancha I.
Com esse tipo de equipamento eram fabricados não apenas óculos mas também telescópios, prismas, microscópios e uma quantidade enorme de equipamentos ópticos, científicos e industriais que permitiram fundar as bases da ciência experimental moderna e da revolução industrial que se seguiu. A fotografia foi mais um desdobramento dessa tecnologia que se desenvolvia em ateliers como esse.
De Maison Wallet a Derogy
Com Jean-Baptiste Wallet, filho do fundador, a empresa expandiu-se consideravelmente e permaneceu ativa até o início do século XX. Tiveram um laboratório e loja em Paris. Mas parte importante de sua produção manteve-se em sua fábrica na cidade de Cany em Songeons. Produziram lentes simples (dubletos acromáticos para paisagens), lentes duplas do tipo Petzval para retratos, vários tipos de Rapide Réctilinéaire, grande angulares, lentes que podiam ser desmontadas e re-combinadas para oferecer diferentes distâncias focais e também câmeras fotográficas. Em 1848 Eloi-Eugène Derogy, cunhado de Jean-Baptiste Wallet, torna-se sócio da empresa e em algum momento assume a liderança e esta torna-se simplemente Derogy.
A capa de um catálogo de preços, reproduzida acima, é plena de informações interessantes:
- Cita que a Derogy vem da antiga casa Wallet (ancienne maison Wallet)
- Que participaram como hors concours na exposição internacional de 1868 pois eram membros do juri. Isso mostra o prestígio de que gozavam.
- O nome Derogy é, algo curioso, introduzido como “genro e sucessor” (gendre et sucesseur).
- Indica que é uma marca de fabricante, pois existiam muitos distribuidores que fabricavam em terceiros com marcas próprias ou mesmo sem marca alguma.
- Comenta as fábricas em Sully, onde Derogy iniciou sua carreira como opticista, e também em Canny, no vale do rio Oise, onde foi o início da maison Wallet.
- Em Paris, Quai d’Horloge, 33, possuem além da loja, Terrasse, suponho que seja um estúdio aberto e laboratório de ensaios para equipamentos e objetivas.
Para encerrar essa parte mais histórica segue a transcrição completa de verbete que aparece no Catalogue explicatif et raisonné des produits les plus remarquables admis à l’exposition quinquennale de 1844 (Catálogo explicativo dos produtos mais notáveis admitidos à exposição quinquenal de 1844). A razão dessa longa citação é que ela comenta o Mécanoptique, os principais produtos, a política agressiva de preços e nos deixa entrever um pouco da euforia que fora no século XIX quanto à descoberta da natureza e estudo das ciências como uma “necessidade de todas as classes da sociedade”. Por último, já em 1844, cita a produção de lentes fotográficas para o recém descoberto Daguerreótipo, apresentado ao público em 1839.
Irmãos Wallet, opticistas.
Fábrica e loja, Quai de l’Horloge, 73, Paris;
Fábrica em Cany, departamento de Oise.
O conhecimento das ciências naturais tornou-se uma necessidade imperativa para todas as classes da sociedade e percebeu-se que o estudo é a única forma de satisfazer essa necessidade. Imbuídos dessa verdade, os irmãos do Sr. Wallet dedicaram-se à construção de instrumentos de Física de todos os tipos. Mas, é especialmente para a óptica que eles mais direcionaram seus cuidados e atenções. Por exemplo, eles estiveram ocupados no aperfeiçoando de um microscópio acromático de uso simples, conveniente e muito barato. Este instrumento, sem dúvida, chamará a atenção do público, que será levado a constatar com seus olhos todas as suas perfeições. Os Srs. Wallet tem, além disso, e por muito tempo, muito ocupado em aperfeiçoar a fabricação de óculos de todos os tipos e de outros vidros ópticos, como lentes, espelhos divergentes e convergentes, etc. Eles podem dizer hoje que suas tentativas foram coroadas de sucesso completo. Esses construtores agora produzem os óculos que acabamos de mencionar, com a ajuda de um instrumento de precisão que eles chamam de Mécanoptique e que eles próprios inventaram. Eles alegam ser esse instrumento a razão da sua superioridade no setor. Desejando, além de, e sobretudo, de ser útil para a sociedade em geral, eles reduziram seus preços para que eles vendam seus óculos, de uma superioridade reconhecida, ao mesmo preço que os de má qualidade entregues diariamente ao comércio. Por outro lado, para colocar o público em posição de julgar por si próprio a qualidade de seus óculos, os irmãos Wallet ofereceram um dispositivo cujo objetivo era tornar evidentes para as pessoas, mesmo inexperientes, as qualidades boas ou ruins. Eles também exibiram uma lupa acromática capaz de grandes aumento na imagem, livre de aberração esférica, para o uso de gravadores e relojoeiros. Sempre haverá em suas lojas uma variedade de óculos de qualquer cor e qualquer curvatura. Eles têm meniscos [lentes côncavo/convexas], eles têm lentes em cristal e assim por diante. Eles também possuem lentes para microscópio, lentes acromáticas para ópera, lunetas, daguerreótipos, etc
A lente da coleção
O número de série bastante alto, 40022, indica uma fabricação já para o final do século XIX ou até mesmo início do XX. Não encontrei nenhuma referência segura para precisar a data. Os principais fabricantes mantiveram a lente para retratos de Petzval em produção por um tempo considerável. Se pensarmos que ela foi desenhada em 1840, este exemplar já saiu de fábrica com uma fórmula de aproximadamente 60 anos. Até mesmo o diafragma tipo Waterhouse era mantido quando a iris já era um item corrente no último quarto do século XIX (sobre a adoção da iris, veja a lente de Rapide Rectilinear de Willian Wray). Alguns opticistas, como Dallmeyer, modificaram e adaptaram o original de Petzval. Mas esta lente segue o esquema original, pelo menos quando à sequência de curvaturas, mostrado no esquema abaixo.
Fonte: Josef Maria Eder, Ausführliches Handbuch der Photographie, 1893 – a seta indica a direção de propagação da luz.
Ela trás uma gravação Rapide Nº 4, no lado oposto ao nome Derogy. O diâmetro da lente frontal é 68 mm. O comprimento da lente incluindo parasol é 135 mm.
Sua distância focal foi calculada experimentalmente (gráfico abaixo) e o resultado foi 223 mm com uma ótima correlação dos dados. A pupila de entrada é ~12% maior que o diafragma. Após medir e calcular encontrei uma abertura máxima de f/3,6. Exatamente o valor do desenho original de Petzval.
O círculo de iluminação, sem considerar a qualidade da imagem, é de 210 mm. Suficiente para cobrir, sem escurecer os cantos, mas sem liberdade alguma de movimentos, uma chapa de 13 x 18 cm. Em um retrato é muito importante se poder movimentar uma lente tipo Petzval para se fazer coincidir a área de boa nitidez com o rosto, ou melhor ainda, com os olhos do retratado, que nem sempre estão no centro. Então eu diria que essa lente é para ¼ de placa.
Na tabela acima, presente no catálogo mencionado anteriormente, posterior a 1868, vemos que a lente para ¼ de placa (9 x 12 cm) tem 44 mm de diâmetro, enquanto que esse exemplar tem 68 mm. Como o catálogo não menciona a abertura, talvez essa seja a explicação para o Rapide nº4. A lente do catálogo não deve chegar a f/3,6 como essa, e isso é que justifica a adição do termo Rapide.
Com essa distância focal e esse círculo de iluminação obtém-se em um ângulo de visão de 50º quando focada no infinito. O círculo de imagem nítida, a partir do qual já é possível se perceber no vidro despolido que há perda de qualidade, é de 60mm. É claro que essa é um avaliação subjetiva. O ângulo de visão correspondente é de 15º. Isso é completamente em linha com o que diz Josef Maria Eder no Ausführliches Handbuch der Photographie de 1893 sobre as lentes de Petzval: “O campo de visão varia entre 15 e 55 graus; no entanto, raramente tem mais de 20 graus de nitidez total ao usar aberturas maiores”.
Há um pouco de oxidação nas bordas da lente mas o estado geral é muito bom e perfeitamente utilizável.
O verniz aplicado sobre o latão das lentes do século XIX era a goma laca, conhecida aqui no Brasil como asa de barata. É um verniz à base de álcool que se utilizava muito para mobiliário e instrumentos musicais de madeira. Ela é extremamente dura depois de seca e curada e conserva muito bem o metal. Essa lente foi re-envernizada por mim. As opiniões são divididas entre colecionadores se esse é ou não um procedimento a se adotar. Penso que até Rembrands têm o seu verniz trocado de tempos em tempos pois o que interessa é a pintura. Na mesma lógica, troquei o verniz de algumas de minhas lentes quando a aparência delas estava muito miserável. Uma lente é uma ferramenta à qual se pode atribuir um grau variável de fetiche. Eu gosto muito delas mas não chego a tratá-las como objetos de culto. O principal ponto a se avaliar, na minha opinião, é se o procedimento coloca algum risco maior para a funcionalidade da lente. Se não for o caso, não vejo impedimento algum.
Este é um retrato feito com esta lente. Eu usei filme Ilford FP4 em formato 9×12 cm. Foi revelado em Pyrocat HD, em bandeja, por 16 minutos a 20ºC. A imagem acima é um scan de uma cópia realizada em Ilford Fiber Glossy, tamanho 18 x 24 cm. Um diafragma tipo Waterhouse foi utilizado para reduzir para f/4 apenas para evitar o bálsamo oxidado na borda da lente. Usei um deslocamento da lente de 2 cm para a esquerda e inclinei a placa da lente e o filme, para trás, para que o eixo da lente apontasse exatamente no rosto da Thais. Eu experimentei outro procedimento, apenas focalizando a lente sobre os olhos, sem movimentos. É notável como a aberração reduz a qualidade da imagem, embora esteja focada. Abaixo, mostro dois scans feitos diretamente dos negativos. Eles ilustram esse efeito, pois todo o resto permaneceu exatamente o mesmo:
Acima, foto realizada com o eixo óptico da lente ajustado para passar por esta região dos olhos. Abaixo, foto realizada com o eixo óptico da lente mantido no centro da foto
A única maneira de melhorar a segunda imagem seria fechar mais o diafragma da lente. Minha conclusão é que é muito importante orientar o eixo da lente para o que você quer que esteja com a melhor qualidade de imagem. Dá um pouco de trabalho mas faz muita diferença. Siga este link para ver uma descrição básica do procedimento para descentrar o eixo da lente.
Sobre a lente em si, penso que é uma óptica excelente para retratos. Com poucas exceções, não gosto muito do efeito exagerado obtido quando as lentes de Petzval são usadas além do círculo de imagem para o qual elas foram projetadas originalmente. Para mim, é suficiente e muito bem-vinda a suavidade que trouxe para os braços e corpo, mantendo uma renderização bem nítida no rosto. É delicado, bem equilibrado e valoriza a atmosfera doméstica e informal desta imagem.