Paris II | Alfred Brückner

Esta é uma câmera muito simples na categoria das view cameras de madeira para grande formato. É uma câmera de meia placa, 13 x 18cm, e por economia de recursos acaba sendo bem leve e compacta para esse formato.

Quando dobrada, ela fica como uma pequena maleta. Liberando-se as travas laterais a prancha traseira desdobra-se para formar a base horizontal da câmera. Sobre ela deslizamos a traseira da câmera provocando a extensão do fole. Por essa prancha traseira esse tipo de câmera é chamada de tailboard no inglês. Trata-se de um tipo construtivo oposto às drop bed, que é o caso quando a frente da câmera cai para frente fazendo uma base para que a placa da lente, lens board, avance, em vez da placa do filme recuar.

A traseira da câmera deve ser então engatada em uma das três posições disponíveis conforme a lente a ser utilizada seja mais ou menos angular. A posição central, como na foto acima, é a ideal para uma lente normal. Para este formato seria algo em torno de 220 mm.

O ajuste do foco é realizado girando-se o botão direito no tailboard e este aciona um dispositivo em cremalheira que faz a traseira da câmera deslizar para frente ou para trás. O foco pode e deve ser travado com a contra porca no lado esquerdo antes de se carregar o chassis com a placa ou filme. Se isso não for feito provavelmente a traseira se moverá e o foco será perdido.

A traseira da câmera tem apenas este movimento de vai/vem para fazer o foco. Nenhuma inclinação, rotação ou deslocamento são possíveis. Note também que apenas o formato retrato é oferecido nesta câmera. É claro que se pode girar o corpo todo com a cabeça de um tripé. Mas isso não é nem um pouco prático pois esta construção só fica realmente estável com ela em pé.

A frente da câmera oferece deslocamentos verticais e horizontais mas nenhum tipo de inclinação ou giro. No mesmo formato, como comparação, podemos observar a Excelsior da ICA. Esta sim é uma tailboard mais completa com muitos outros recursos de movimentos e a traseira quadrada que lhe permite giros de 90º para se alternar entre retrato e paisagem.

Este exemplar está equipado com uma lente 21 cm, f/4,5. É uma Heliar da Voigtlander. Esta lente vai bem com ela por conta de sua focal, luminosidade e até pela idade. A lente é de 1928/29 e a câmera provavelmente do entre guerras também. Mas não entraram juntas na coleção. Acho que dificilmente na época alguém colocaria uma lente sofisticada como uma Heliar em uma câmera tão básica como essa.

O fabricante desta câmera foi Alfred Brücker, baseado na cidade de Rabenau nas proximidades de Dresden. Segundo a Camera-Wiki, foi atuante de 1900 a 1955. Era especializado em câmeras de estúdio e câmeras de campo, field cameras, que no alemão se diz raise kamera, cuja tradução direta seria câmera de viagem.

Este modelo, Paris II, é apresentado em uma página de catálogo. O texto ressalta que é feita de nogueira autêntica, que possui duplo comando por coroa e pinhão, para fazer o foco, que o fole tem cantos em couro e que possui sólidos reforços em latão.

 

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